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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O cheiro de pão

Passava do meio dia, o cheiro de pão quente invadia aquela
rua, um sol escaldante convidava a todos para um refresco...

Ricardinho não agüentou o cheiro bom do pão e falou:
- Pai, tô com fome!!!
O pai, Agenor, sem ter um tostão no bolso, caminhando desde
muito cedo em busca de um trabalho, olha com os olhos marejados para o
filho e pede mais um pouco de paciência...

- Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu tô com muita fome, pai!!!

Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Agenor pede
para o filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria a sua
frente.
Ao entrar dirige-se a um homem no balcão:
- Meu senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos na porta, com
muita fome, não tenho nenhum tostão, pois sai cedo para buscar um
emprego e nada encontrei, eu lhe peço que em nome de Jesus
me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino,
em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos,
ou outro serviço que o senhor precisar.

Amaro, o dono da padaria estranha aquele homem de semblante
calmo e sofrido, pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele
chame o filho.

Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro que imediatamente
pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda servir
dois pratos de comida.

Para Ricardinho era um sonho, comer após tantas horas na rua.
Para Agenor, uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa
fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa
apenas com um punhado fubá.

Grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada.
A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples
como se fosse um manjar dos deuses, e lembrança de sua pequena família
em casa, foi demais para seu coração tão cansado de mais de 2 anos de
desemprego, humilhações e necessidades...

Amaro se aproxima de Agenor e percebendo a sua emoção, brinca
para relaxar:

- Ô Maria!!! Sua comida deve estar muito ruim... Olha o meu
amigo está até chorando de tristeza desse bife, será que é sola de
sapato?!?!
Imediatamente, Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão
apetitosa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer.

Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse
em paz e depois conversariam sobre trabalho.

Mais confiante, Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar,
já que sua fome já estava nas costas.

Após o almoço, Amaro convida Agenor para uma conversa nos
fundos da padaria, onde havia um pequeno escritório.

Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido o
emprego e desde então, sem uma especialidade profissional,
sem estudos, ele estava vivendo de pequenos biscates aqui
e acolá, mas que há 2 meses não recebia nada.

Amaro resolve então contratar Agenor para serviços gerais na
padaria, e penalizado, faz para o homem uma cesta básica
com alimentos para pelo menos 15 dias.

Agenor com lágrimas nos olhos agradece a confiança daquele
homem e marca para o dia seguinte seu início no trabalho.

Ao chegar em casa com toda aquela "fartura", Agenor é um novo
homem, sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo
impulso.

Deus estava lhe aberto mais do que uma porta, era toda uma
esperança de dias melhores.

No dia seguinte, às 5 da manhã, Agenor estava na porta da
padaria ansioso para iniciar seu novo trabalho.

Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem que
nem ele sabia porque estava ajudando.

Tinham a mesma idade, 32 anos, histórias diferentes, mas
algo dentro dele chamava-o para ajudar aquela pessoa.

Ele não se enganou. Durante um ano, Agenor foi o mais dedicado
trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente
zeloso com seus deveres.

Um dia, Amaro chama Agenor para uma conversa e fala da escola
que abriu vagas para a alfabetização de adultos um quarteirão acima da
padaria, e que ele fazia questão que Agenor fosse estudar.

Agenor nunca esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão trêmula
nas primeiras letras e a emoção da primeira carta.

Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aula.
Vamos encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros, advogado,
abrindo seu escritório para seu cliente, e depois outro,
e depois mais outro...

Ao meio dia ele desce para um café na padaria do amigo
Amaro, que fica impressionado em ver o antigo funcionário
tão elegante em seu primeiro terno.

Mais dez anos se passam, e agora o Dr. Agenor Baptista, já com
uma clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar,
e os mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma Instituição
que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas,
pessoas desempregadas
e carentes de todos os tipos,
um prato de comida diariamente na hora do almoço...

Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele
lugar que é administrado pelo seu filho, o agora nutricionista,
Ricardo Baptista.

Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens,
Amaro e Agenor impressionava a todos que conheciam um pouco
da história de cada um.

Contam que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase
que a mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido.
Ricardinho, o filho mandou gravar na frente da "Casa do Caminho",
que seu pai fundou com tanto carinho:

"Um dia eu tive fome, e você me alimentou.
Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho.
Um dia acordei sozinho, e você me deu Deus.
Isso não tem preço.
Que Deus habite em seu coração e alimente sua alma.
E que te sobre o pão da misericórdia para estender
a quem precisar!"

(história verídica)

Nunca é tarde para começar e sempre é cedo para parar.

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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O cheiro de pão

Passava do meio dia, o cheiro de pão quente invadia aquela
rua, um sol escaldante convidava a todos para um refresco...

Ricardinho não agüentou o cheiro bom do pão e falou:
- Pai, tô com fome!!!
O pai, Agenor, sem ter um tostão no bolso, caminhando desde
muito cedo em busca de um trabalho, olha com os olhos marejados para o
filho e pede mais um pouco de paciência...

- Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu tô com muita fome, pai!!!

Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Agenor pede
para o filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria a sua
frente.
Ao entrar dirige-se a um homem no balcão:
- Meu senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos na porta, com
muita fome, não tenho nenhum tostão, pois sai cedo para buscar um
emprego e nada encontrei, eu lhe peço que em nome de Jesus
me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino,
em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos,
ou outro serviço que o senhor precisar.

Amaro, o dono da padaria estranha aquele homem de semblante
calmo e sofrido, pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele
chame o filho.

Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro que imediatamente
pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda servir
dois pratos de comida.

Para Ricardinho era um sonho, comer após tantas horas na rua.
Para Agenor, uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa
fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa
apenas com um punhado fubá.

Grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada.
A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples
como se fosse um manjar dos deuses, e lembrança de sua pequena família
em casa, foi demais para seu coração tão cansado de mais de 2 anos de
desemprego, humilhações e necessidades...

Amaro se aproxima de Agenor e percebendo a sua emoção, brinca
para relaxar:

- Ô Maria!!! Sua comida deve estar muito ruim... Olha o meu
amigo está até chorando de tristeza desse bife, será que é sola de
sapato?!?!
Imediatamente, Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão
apetitosa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer.

Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse
em paz e depois conversariam sobre trabalho.

Mais confiante, Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar,
já que sua fome já estava nas costas.

Após o almoço, Amaro convida Agenor para uma conversa nos
fundos da padaria, onde havia um pequeno escritório.

Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido o
emprego e desde então, sem uma especialidade profissional,
sem estudos, ele estava vivendo de pequenos biscates aqui
e acolá, mas que há 2 meses não recebia nada.

Amaro resolve então contratar Agenor para serviços gerais na
padaria, e penalizado, faz para o homem uma cesta básica
com alimentos para pelo menos 15 dias.

Agenor com lágrimas nos olhos agradece a confiança daquele
homem e marca para o dia seguinte seu início no trabalho.

Ao chegar em casa com toda aquela "fartura", Agenor é um novo
homem, sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo
impulso.

Deus estava lhe aberto mais do que uma porta, era toda uma
esperança de dias melhores.

No dia seguinte, às 5 da manhã, Agenor estava na porta da
padaria ansioso para iniciar seu novo trabalho.

Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem que
nem ele sabia porque estava ajudando.

Tinham a mesma idade, 32 anos, histórias diferentes, mas
algo dentro dele chamava-o para ajudar aquela pessoa.

Ele não se enganou. Durante um ano, Agenor foi o mais dedicado
trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente
zeloso com seus deveres.

Um dia, Amaro chama Agenor para uma conversa e fala da escola
que abriu vagas para a alfabetização de adultos um quarteirão acima da
padaria, e que ele fazia questão que Agenor fosse estudar.

Agenor nunca esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão trêmula
nas primeiras letras e a emoção da primeira carta.

Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aula.
Vamos encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros, advogado,
abrindo seu escritório para seu cliente, e depois outro,
e depois mais outro...

Ao meio dia ele desce para um café na padaria do amigo
Amaro, que fica impressionado em ver o antigo funcionário
tão elegante em seu primeiro terno.

Mais dez anos se passam, e agora o Dr. Agenor Baptista, já com
uma clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar,
e os mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma Instituição
que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas,
pessoas desempregadas
e carentes de todos os tipos,
um prato de comida diariamente na hora do almoço...

Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele
lugar que é administrado pelo seu filho, o agora nutricionista,
Ricardo Baptista.

Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens,
Amaro e Agenor impressionava a todos que conheciam um pouco
da história de cada um.

Contam que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase
que a mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido.
Ricardinho, o filho mandou gravar na frente da "Casa do Caminho",
que seu pai fundou com tanto carinho:

"Um dia eu tive fome, e você me alimentou.
Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho.
Um dia acordei sozinho, e você me deu Deus.
Isso não tem preço.
Que Deus habite em seu coração e alimente sua alma.
E que te sobre o pão da misericórdia para estender
a quem precisar!"

(história verídica)

Nunca é tarde para começar e sempre é cedo para parar.

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